sábado, 24 de maio de 2008

Timidez























O dia inteiro pensando em você...
Angustia-me querer te dizer e não conseguir
O que fazer?
Quando não se faz nada, também não há nada que se possa fazer além de engolir a incerteza sobre o que poderia ter acontecido...

Ah, mas já chega
Vou te procurar e te dizer tudo!
O quanto eu sinto sua falta
Quanto eu quero estar ao teu lado
Quanto transborda em meu peito esse querer!

Decidida
Me arrumo para ir ao seu encontro
Cabelos
Maquiagem
Roupas
Tudo perfeito
O espelho me olha e fica abismado com a imagem que nele reflete
Você está deslumbrante hoje!!!

Respirar fundo e seguir em frente
Juntar todas as forças para te dizer tudo

Mas no caminho, a força vai se esvaindo...
O que você está fazendo?
Não acredito que você está indo lá?
Por que?
Não é possível que você não ouça a voz da razão!

Mas lá no fundo, o coração grita...
Vá!!!
Diga tudo o que sente
Se nada der certo, ao menos tudo estará resolvido
E você tirará um grande peso de suas costas
Não perca a oportunidade de dizer o quanto sente
O quanto quer
O quanto precisa
O quanto será bom
Vá!!!

Então eu vou!!!
Ressurge a mulher maravilha com toda a força que ela pensa ter
Ensaio de palavras
Decoro de versos
Lembranças de notas de uma canção
A poesia me ajudará a expressar cada suspiro existente em meu seio

Força mulher
Afinal, você é uma mulher ou uma árvore
Não adianta ficar fazendo pose de quem nada quer, nada entende
Quando na verdade a verdade é outra

Ao se aproximar
Coração dispara
Ao se aproximar mais
Pernas amolecem
Ao te ver
Parece que um pânico toma conta do momento

Nada funciona, os minutos duram séculos
Parece que os pés pesam
As mãos suam
Tudo conspira pra que se dê meia volta e abandone

Não! Você já está aqui, vai até o final!
Vamos mulher, você consegue!
Cadê toda aquela garra
Da mulher que trabalha, estuda
Corre, ajuda, serve de exemplo, aconselha, diverte
Dedica-se, espera... E como espera!!!

Essa mulher existe, e é você!
Com todas essas qualidades e muitas mais
Não há por que dar algo errado

O rosto começa a queimar
As mãos ficam trêmulas
tudo parece rodar
A voz soa baixa, trêmula, quase imperceptível:

- Oi
- Oi
- Tudo bem?
- Tudo, e você?...

Blá blá blá

"...Posso te falar dos sonhos
Das flores
De como a cidade mudou
Posso te falar do medo
Do meu desejo, do meu amor..."

Seria capaz de passar horas te dizendo tudo o que está aqui dentro
Mas um medo bobo consegue impedir que qualquer palavra se manifeste

Ou melhor, quase qualquer palavra
Fala-se sobre tempo, estudos, festas, feriados, feridas e tudo o mais...

O silêncio toma conta do recinto...
- Está vermelha?
- Não, é o sol...
Sol esse que parece ter maior efeito à sua frente
Onde toda a coragem daquela mulher maravilha
Aquela mesma, que trabalha, estuda
Corre, ajuda, serve de exemplo, aconselha, diverte
Dedica-se, espera... E como espera!!!

Essa mesma mulher maravilha, diante daquele homem
Perde os super poderes
É dominada pelo pudor, pelo desajeito, pela inocência
pelo desastre que a timidez causa

Não sabe o que dizer, como agir
O cordão da blusa é enrolado e desenrolado mil vezes
Os olhos perdem o foco
Os momentos de silêncio parecem abrir um buraco no peito

As horas de treino, o que eu vou falar, quando, como, por que
Toda ação planejada sob a mais rígida minuncia se esvai
A face segura some, dando lugar a um rostinho desajeitado e vermelho
Que simplesmente não sabe o que fazer...

Voltar pra casa sem dizer
Com as palavras ainda entaladas na garganta
Com os sentimentos presos no peito
Com a voz presa no interior...

Aquela mulher bem resolvida, extrovertida, segura de si
Dá lugar à menininha sem jeito, prestes a ganhar o primeiro beijo
Não sabe o que fazer, onde por as mãos, não sabe o que pensar, o que dizer...

Sem poder dizer o que sinto, não posso saber o que você sente
Volta a apreensão, o mal-estar, o friozinho na barriga
É o preço que se paga pela timidez,
Que transforma a mulher em menininha
A pantera em gatinho

Quando você sorriu
Lá se foi minha coragem...