quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Exorcismo...


Não...

Não quero mais a mesma história de sempre...
Que se danem os nós
Os amores incipientes
A solidão inóspita
Os cuidados excessivos

Não quero mais contos de fadas...
Nada de príncipes encantados
Sem abóboras
Sem varinhas de condão
Sem sapatinhos de cristal


Quero sentir nas veias
A emoção de cada beijo
A sutileza de cada toque
O desejo contido em cada abraço


Quero correr o risco
De me ferir
De errar
De machucar
Mas também de acertar
De viver
De amar
De ser feliz
Nem que seja por poucos segundos...


Chega de redomas de cristal
Impedindo que a vida me toque e me dê o seu melhor e o seu pior
Chega de versos ritmados
Quero que as palavras sejam ditas conforme minha alma as pronuncia


Quero ir de um extremo ao outro
Provar os venenos e os néctares
A santidade e o pecado
A escuridão e a luz
Sem me preocupar com o quanto isso pode doer
E o preço que terei que pagar...


Quero o ar tomando conta do meu peito
O vento arrepiando a minha pele
A chuva lavando a minha alma
As sensações tomando conta do meu mais íntimo ser...


Quero os espinhos das rosas me ferindo
O sol queimando o meu corpo
O silêncio me fazendo companhia


Que as correntes se rompam
Que os paradigmas se quebrem
Que os muros caiam
E que a vida se faça presente...

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Abre aspas: Um pouco de mim...



"Me disseram que o céu é uma imensa oficina... Os arquitetos de Deus, certo dia, com as mãos cheias de argila, esculpiram a Miquelle.

Entalharam lábios grossos, a boca com diâmetro acústico e a língua, de tal forma ágil e infatigável, conteria centenas de fonemas em uma só pronúncia.

Deram-na olhos grandes, de forma que pudessem contornar as órbitas das pessoas, seus erros e acertos...

Proporções pueris, para nela conter a delicadeza das coisas pequenas.

As articulações anexas de tal forma leves que confeririam ao andar a impressão de jamais tocar os pés no chão... Como se todo o corpo quisesse dizer alguma coisa: decifra-me ou devoro-te!

E misturaram menina e mulher em uma só coisa, às vezes dócil como uma flor, às vezes impetuosa como mar revolto.

Não preferiram os cabelos loiros, cátaros de tão puro, nem os pretos, com o pecado nas franjas, deram-na, sim, o castanho encaracolado, uma metáfora (irônica?) com o que seriam as idéias em sua cabeça...

Ah, sim, as idéias em sua cabeça... Idéias que assinalariam polidez, bondade e responsabilidade. Entretanto, acrescentaram com precisão aguda doses extras de ‘mulher brasileira’, para que ela pudesse perder o controle de si, gritar e se derramar em lágrimas para, em seguida, reencontrar-se mais forte, viva. 

Após as últimas pinceladas, empacotaram e enviaram às cegonhas."

Fecha aspas...


...Essas palavras foram articuladas pelo meu grande e singular amigo Rafael Amoroso. Pelas verdades nelas contidas, deixo-as aqui para que todos possam conhecer um pouco de mim através de uma pessoa que, de tão bem me conhecer, soube expressar de forma tão completa algo tão complexo.
Fica aqui também o agradecimento por tudo!

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Mudanças

...Ventos em direções opostas soprando
Cenários se modificando
Idéias transmutando
Amores passando

A vida mostra sua dinâmica
O presente minuto já faz parte do passado
Tudo se modifica
O mundo mostra seu semblante transformado

Os olhos não vêem as mesmas cores
Os cheiros, os gostos são diferentes
Os toques despertam sensações volúveis

Eternas inconstâncias
Que acercam a existência
Amanhã o dia será excepcional
Talvez mudem as aparências
Talvez não haja mal
Talvez prevaleçam as dissonâncias
Talvez as consonâncias
Talvez encontremos o final

Só uma coisa é certa:
Entre congruências e incongruências
Nada estará igual...